Logo após a morte de Tancredo, em maio de 1985, é aprovada a emenda constitucional que institui eleições diretas em todos os níveis do governo. Neste ano, outra emenda importante garante a formação da Assembleia Constituinte, com um corpo de deputados que construiria o texto da nova Constituição brasileira. Os parlamentares são eleitos no ano seguinte e a Constituinte inicia seus trabalhos em 1987.

O governo Sarney herda dos militares uma inflação de 10% ao mês e convoca todos os brasileiros à guerra contra o problema. Sua estratégia de batalha é o Plano Cruzado, lançado em fevereiro de 1986. O pacote inclui uma série de medidas, como o congelamento de preços, o gatilho salarial (reajuste automático quando a inflação alcançasse 20%), o aumento do salário mínimo e o fim dos mecanismos de correção monetária. Além disso, o país ganha nova moeda, o cruzado.
Com o plano, o poder de compra dos salários aumenta e o povo sente no bolso as vantagens de livrar-se da inflação. Surgem os "fiscais do Sarney" – consumidores que fiscalizam os preços em lojas e supermercados, denunciam as remarcações e chegam a fechar estabelecimentos em episódios cobertos pela mídia.

Em novembro, o governo lança então o Plano Cruzado II, que liberava o reajuste de preços e aumentava a taxação de alguns produtos para conter o consumo. Da noite para o dia, a gasolina, por exemplo, tem um aumento de 60% e as bebidas, de 100%. Com o desabastecimento, a importação de produtos de primeira necessidade causa um rombo nas reservas monetárias e, em janeiro de 1987, Sarney declara a moratória dos juros da dívida externa. Protestos de movimentos sociais e grandes greves de trabalhadores, como a da Companhia Hidrelétrica de Itaipu, eclodem pelo país.
Pouco tempo após o lançamento do plano, os brasileiros voltam a conviver com a inflação, que parecia ter ressurgido com mais força.

A inflação de abril de 1987 atinge 19% e o governo anuncia novo pacote econômico: o Plano Bresser. Esse promove novamente o congelamento de preços e salários, mas em pouco tempo se mostra sem sucesso. A inflação persiste e a situação brasileira frente aos credores internacionais se deteriora, com demandas externas de cortes de gastos públicos.

Em outubro de 1988 é promulgada a nova Constituição, após dezoito meses de discussões na Assembleia Constituinte. A Carta torna-se conhecida como Constituição Cidadã, tanto por seu processo participativo de construção como pela visão na qual se baseia.

No início de 1989, o governo Sarney tem nova troca de ministro da Fazenda, que lança um derradeiro pacote de combate à inflação, o Plano Verão. Novos congelamentos ocorrem, bem como o corte de três zeros na moeda desvalorizada, que passou a se chamar cruzado novo.